O QUE A NEUROCIÊNCIA TEM A VER COM ISSO?
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“O Ensino Bilíngue no século XXI é de uma educação Bicultural e Globalizada, onde a criticidade, criatividade, inclusão e socialização são pilares dessa educação”.(MARCELINO, Marcello. Bilinguismo no Brasil, significado e expectativas. Revista Intercâmbio, volume XIX:1-22 2009 São Paulo)
Hoje é muito comum ouvir falar sobre escola bilíngue. Mas como podemos entender o conceito para em seguida analisarmos os benefícios da criança bilíngue desde a educação infantil? Tomando em conta a explicação “uma escola bilíngue se organiza, em todos os níveis, para proporcionar aos seus alunos as competências necessárias para usar duas ou mais línguas em situações acadêmicas e sociais”¹, a segunda língua inserida na rotina diária da criança, dá um sentido significativo ao aprendizado, através da qualidade e a quantidade de exposição, frequência de uso, motivação e necessidade empregada.
Mas e sobre a criança aprender 2 idiomas ao mesmo tempo ser prejudicial para ela? Isso é mito, porque a criança aprendendo um ou mais idiomas simultaneamente, passam pelos mesmos estágios e processos da linguagem, propiciando uma experiência cognitiva muito rica.
Ao aprender uma segunda língua, a criança está desenvolvendo muito mais que o aprendizado de um idioma, mas principalmente habilidades em diversas áreas de conhecimento e fortalece a capacidade cognitiva do indivíduo ao longo da vida. Na fase entre 4 e 6 anos, as crianças desenvolvem a flexibilidade cognitiva, “que em outras palavras, é a habilidade para perceber que o que você está fazendo não funciona, e executar as alterações adequadas para adaptar-se às novas situações. Essa flexibilidade exerce uma ampla função na aprendizagem e na resolução de problemas”.² A repetição aqui é a chave. Nessa fase eles desenvolvem várias formas de comunicação, expressão, criação e movimentos.
A neurociência cognitiva estuda a capacidade do conhecimento do indivíduo, como o raciocínio, a memória e o aprendizado. Temos bilhões de neurônios no nosso cérebro e eles se conectam. Quanto maiores os estímulos, maiores as conexões e quanto maiores as conexões, maiores as possibilidades de aprendizado. O processo biológico da aprendizagem, isto é, a base dos mecanismos que produz a aprendizagem é chamada de neuroplasticidade. O cérebro bilíngue aumenta em muito as possibilidades de neuroplasticidade, estimula a memória e a atenção, através do “malabarismo mental entre as línguas”, chamado por Andriessa Santos, mestre em ciências.
De acordo com Adele Dorothy Diamond (2013) - professora de neurociência na Universidade de Colúmbia Britânica, onde atualmente é presidente de pesquisa de nível 1 do Canadá em neurociência cognitiva do desenvolvimento - o cérebro bilíngue e a língua adicional aumentam e potencializam as funções executivas, que são as habilidades cognitivas que permitem controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações diante de conflitos ou distrações. Ao longo do tempo, mostram resultados significativos no desenvolvimento, incluindo o desempenho escolar, os comportamentos relativos à saúde e ao ajustamento social.
Sobre as vantagens cognitivas dos bilíngues em relação a monolíngues, os estudos são inconclusivos mas promissores. De acordo com pesquisas, as possíveis vantagens se referem a atenção e as funções executivas mencionado acima, que funcionam como um sistema gerenciador que controla processos cognitivos e comportamentos, como raciocínio verbal, resolução de problemas como mencionado anteriormente, planejamento e sequência de ações e habilidade de lidar com novas informações e estímulos.
Segundo Bialystok (2009) - pesquisadora e especialista em bilinguismo e cognição - estudos comprovam que crianças bilíngues apresentam um desempenho melhor que os monolíngues em tarefas metalinguísticas que exijam controle de atenção, memória e autocontrole. Nesses estudos, Bilíngues se mostraram superiores em tarefas de resolução de problemas que continham sinais conflitantes. Foi considerado evidente que a vivência e o desenvolvimento linguístico adquirido por um bilíngue são fortes aliados quando se trata de desempenho cognitivo e organização das estruturas do cérebro.
Referências:
² https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/recontextualizacao#:~:text=Em%20outras%20palavras%2C%20a%20flexibilidade,e%20na%20resolu%C3%A7%C3%A3o%20de%20problemas
Roselaine Duarte Fundadora e professora do Ser Bilíngue 21